Em parceria com o coletivo 342 Artes e a Mídia Ninja, a OAB-RJ, por intermédio de sua Comissão de Direitos Humanos e Assistência Jurídica, está lançando uma série de vídeos como parte da campanha “Justiça para os inocentes”. O objetivo da campanha é denunciar a vulnerabilidade de usar fotografias, muitas vezes obtidas em redes sociais, como única evidência para prender alguém. O primeiro vídeo da série retrata da história de Angelo Gustavo Pereira Nobre e, o segundo, o caso de Ramon Carlos de Souza.
Série de vídeos exibe casos de jovens negros que estão presos a partir de fotos divulgadas em redes sociais
Duas histórias, um mesmo erro e uma constatação: pode alguém ser preso com base em uma única foto, ainda mais quando esse retrato foi retirado de uma rede social? A série de vídeos “Justiça para os inocentes”, parceria do coletivo 342 Artes, com Mídia Ninja, e OAB-RJ, traz para o debate a questão da fragilidade do reconhecimento de supostos autores de crimes a partir de fotografias aleatórias. Do mesmo modo que em outros casos que ganharam espaço na imprensa recentemente, Angelo Gustavo Pereira Nobre e Ramos Carlos de Souza foram presos em decorrência de identificação precária e sem seguir os devidos trâmites legais.
Com a divulgação dos casos, os responsáveis pelo projeto querem discutir também a questão do racismo estrutural e questionar a validade desse tipo de investigação, já que 70% dos presos pro reconhecimento fotográfico são negros.
O produtor cultural Angelo Gustavo Pereira Nobre, o Gugu, tema do primeiro episódio, está preso há mais de dois meses, após a vítima de um assalto alegar que o reconheceu em uma foto publicada em uma rede social. Detalhe: segundo sua defesa, o rapaz sequer estava no local no dia e na hora do crime. Em um perfil no Instagram —@liberdadeprogugu — o próprio Angelo conta sua história e divulga as manifestações que parentes e amigos promovem para tentar sua liberdade.
Já Ramon Carlos de Souza, de 28 anos, está preso preventivamente desde fevereiro, sob a acusação de dirigir o carro usado no assalto a uma casa, em 2019, em Barra Mansa, no Sul Fluminense. Ele deve ser julgado ainda este mês. Uma das vítimas apontou Ramon em uma fotografia de rede social. Na mesma hora do crime, porém, ele estava no velório do avô. A perícia não colheu impressões digitais do rapaz antes de prendê-lo. E a polícia não ouviu os presentes ao sepultamento, que poderiam garantir o álibi de Ramon. Além disso, o jovem não sabe dirigir.
Nos próximos episódios da série, a campanha “Justiça para os inocentes” apresentará os casos de Douglas Peçanha e Silva e de Danilo Félix Vicente de Oliveira.
Você confere a história do Ramon no link https://youtu.be/xGtJSlbK-KE
E o caso Angelo em https://www.youtube.com/watch?v=zKIYnZGV9nY&list=PLaayD_-O8uRrqEV4sLOqh6L_ljt66Uw0c