A primeira mesa de debates da edição 2015 do Seminário de Verão, em Coimbra, contou com as ilustres presenças do Presidente do Supremo Tribuna Federal brasileiro, Ministro Ricardo Lewandovski, do professor catedrático da Universidade de Coimbra, José Gomes Canotilho, do professor da mesma universidade, Professor Dr. Joaquim Sousa Ribeiro, e mediação do presidente da Associação dos Estudos Europeus de Coimbra, Professor Dr. Manuel Carlos Lopes Porto, da Faculdade de Direito de Coimbra (FDUC). Eles discutiram o tema “Justiça: em nome de que povo?” e trouxeram grandes contribuições ao evento.

Da esq. para dir.: Professor José Gomes Canotlho, Ministro Ricardo Lewandowski, Professor Manuel Porto e Professor Joaquim Ribeiro.

O evento ocorre na tradicional Sala 09 da secular Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
O ministro do STF, Ricardo Lewandovski iniciou o debate refletindo sobre os conceitos de justiça e povo, que afirmou serem dois termos os quais não existe unanimidade tanto do ponto de vista lógico quanto do semântico e comportam os mais variados sentidos. Lewandowski versou sobre os aspectos teórico e prático. No âmbito teórico, afirmou que todos querem ter justiça e também participar de uma comunidade. “Justiça é um valor e, como todos os valores, varia nas coordenadas de tempo e espaço. Portanto, não é possível dar-se uma definição do que seja justiça. Em cada momento da historia tem-se um determinado conceito de justiça”, disse ele.
No aspecto prático, o ministro abordou a justiça como sendo a distribuição dos bens equitativamente pela sociedade. “Atualmente, o conceito de povo é confundido com outras duas noções: população e nação, que são absolutamente distintos”, afirmou Lewandovski, concluindo assim: “Devemos impulsionar as políticas públicas em defesa das minorias, dos hipossuficientes. Precisamos nos tornar um agente de inclusão social”.
Já o professor José Gomes Canotilho abordou o tema sob a ótima de várias culturas, afirmando que as coisas não acontecem por acaso, teoria que denominou reminiscências dogmáticas, uma ideia que está muito relacionada ao Estado. E conclui: “hoje o mundo não é esse. O que temos é o transumano, o pós-humano, o corpo informatizado, o corpo vigiado etc.”.